terça-feira, dezembro 20, 2005

A insustentabilidade do ser = Impulso para a Transcendência?

Acho que o senhor Milan Kundera, se estivesse a viver em Portugal, não escreveria uma obra com o nome: "A insustentável leveza do ser". Provavelmente o livro dele seria assim qualquer coisa do género: "A vida é difícil" ou "A Aventura de Viver". É verdade que esta forma de dizer esta problemática tão complicada é nova e interessante. Apesar de se desdobrar depois em defesa de valores como a responsabilidade e a fidelidade (coisas que tornam o ser muito pesado), o título aparece, à partida, até bem leve e desafiador. Sempre me senti "chamado" a ler este livro" pelo título. Nunca me falaram do livro nem do escritor.
Numa das cadeiras de Teologia (Teologia Filosófica), estudei um dia um o livro de um senhor chamado Juan Alfaro. Neste livro, o autor desenvolve esta problemática da insatisfação do homem de uma forma muito interessante. Fala desta insatisfação que o homem tem em si como um constante apelo à Transcendência. O homem não se reduz àquilo que se vê por fora. Não podemos nunca afirmar que aquilo que não vemos não existe. E os outros sentidos? Será que temos apenas 5 sentidos? Então... mas... há sinais...
Acho que é isto que nos faz olhar para o Céu com um ar filial esperando uma resposta dos Céus. No fundo todos nos sentimos limitados e originados em Outro, no entanto, nem todos temos a coragem de o assumir minimamente porque isso implica que nos sintamos pequenos, limitados, necessidtados de outro.
Abreijos

5 Comments:

At terça-feira, dezembro 20, 2005 10:07:00 da tarde, Blogger Mikas said...

Gostei. Beijinhos e atá amanhã!

 
At quarta-feira, dezembro 21, 2005 3:33:00 da tarde, Blogger Saraï said...

Finalmente já acabaste de ler o livro, não é?
Foi bom ler o que está escrito; fez-me repensar em coisas nas quais já tinha pensado quando o li... e em coisas novas...
Acho que o vou reler!
É sempre bom reler um livro da qualidade de "A insustentável leveza do ser".

Agora já posso falar do que está para a frente da parte 1. ;)... podemos falar da parte 6, p.ex. Lol

 
At sábado, dezembro 31, 2005 2:47:00 da manhã, Blogger Ricardo Pereira Ramos said...

Será a Transcendência algo assim tão complicado assim de "mastigar"?
Acho que de dia para dia piora a capacidade de cada um de nós fazer algo ao outro sem pensar nas contrapartidas, sem pensar no que vai ganhar ou perder com isso. Cada vez mais é uma vitória para a Humanidade sermos capazes de olhar para alguém que não conhecemos e dizer-lhe "bom dia!", vermos um idoso de pé num autocarro e dar-lhe o nosso lugar, entre tantos outros exemplos bem mais importantes e por ventura mais flagrantes. É nestes momentos que o ser humano se "transcende" a sí próprio e faz aquilo que seria natural qualquer um fazer mas em vez disso só alguns "heróis" são capazes de o fazer.
Ficamos à espera que Ele faça alguma coisa porque Ele é que é o omnipotente e nós somos fraquinhos e sem capacidade para sermos há imagem daquele que foi O Maior de nós todos e por acaso também precisou de ajuda para vir a este mundo.
O Homem transcende-se quando toma consciência que é criatura de Deus nunca mais nem menos do que qualquer outra por Ele criada e com responsabilidades de filho e de irmão para com todos.

 
At sábado, dezembro 31, 2005 1:32:00 da tarde, Blogger Rafael M. Silva said...

Era exactamente isso que eu queria dizer. O que acontece normalmente é que "No fundo todos nos sentimos limitados e originados em Outro, no entanto, nem todos temos a coragem de o assumir minimamente porque isso implica que nos sintamos pequenos, limitados, necessidtados de outro." Este foi o problema de muitos filósofos ao longo dos tempos, principalmente os da época contemporãnea. Se mais pessoas tivessem consciência da sua pequenez perceberiam que não são "donos" do mundo. Há um dono criador de todas as coisas. Talvez assim fosse possível termos um mundo melhor.

Abreijos

 
At segunda-feira, janeiro 30, 2006 8:38:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não vou comentar propriamente o post, mas o autor que referes nele...É o meu autor preferido, de todos os tempos e de todos os lugares...Já li quase tudo dele, e o meu eleito é sem dúvida "A Vida Não É Aqui", título que também dá o mote da insatisfação com a matéria, com o visivel que nos distrai todos os dias...Se não leste, lê-o! É fantástico. Fala de um poeta e de um banco de jardim...e de amor, claro!Gostei do teu post e dos outros que li...
Gosto de encontrar blogs com densidades que prendem e que falem de "pessoas" que fazem parte de mim!

A.

 

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