segunda-feira, julho 03, 2006

As verdades insustentáveis

O ser humano é realmente um ser extraordinário! Extraordinariamente estranho.
"Diz-me a verdade..." é uma expressão muito típica nas nossas bocas; porque será?
Talvez porque estamos demasiadamente habituados a ouvir mentiras ou talvez porque nós próprios temos uma tendência (será inata?...) para mentir.
Quando somos confrontados com alguém que não mente não queremos acreditar, preferimos acreditar que essa pessoa é realmente de mentira. Não entendo porque será assim tão impossível que existam pessoas que não mentem; seja porque nada têm a ganhar com isso, seja porque verdadeiramente não mentem independentemente das consequências.
A tendência do ser humano é medir os outros pelas suas medidas... quererá isto dizer que todos somos tendencialmente mentirosos?! É assim tão insustentável ser-se verdadeiro?
Depois, há aquelas mentiras típicas que tudo têm de sustentável, uma vez que as aceitamos como verdades mesmo tendo a certeza que o não são.
Coisas como: "Depois falamos..." claro que não falaremos, já que o assunto de que é preciso falar vai ficar a apodrecer na gaveta da memória; para um na esperança de ser esquecido, para o outro na esperança de servir como arma de arremesso numa outra conversa: "... pois, e aquela conversa que ficámos de ter?".
Coisas como: "Depois ligo-te para combinarmos..." claro que ninguém liga ou, se liga, nada se combina uma vez que não há tempo, nem espaço, mas acima de tudo não há vontade.
Coisas como: "..." (e deixo à vossa imaginação todas as outras mentiras que têm aceite como verdades...).
Mais extraordinárias ainda, e extraordinariamente sustentáveis, são as mentiras que o não são mas tentam ser... estranho?!... eu explico: as conversas por trocadilhos e pequenas indirectas, com meias palavras à mistura, muitos floreados pelo meio e sem metade do que se deveria dizer, mas que, no fim de tudo, quem falou afirma que tudo disse e quem ouviu afirma que nada entendeu.
Vivemos num mundo no qual a verdade é insustentável, não para quem a ouve mas para quem vive à luz da verdade. O mentiroso passa por honesto e o honesto por mentiroso. Situação extraordinária! Só possível num ser como o Homem.
Talvez devessemos ter sempre na nossa mente e na nossa vida as palavras de um Homem-Deus: "... a Verdade vos libertará!".

6 Comments:

At terça-feira, julho 04, 2006 4:13:00 da tarde, Blogger Rafael M. Silva said...

É uma perspectiva... não via as coisas dessa maneira. Acho que continuo a não ver.

 
At terça-feira, julho 04, 2006 6:30:00 da tarde, Blogger Saraï said...

Então como vês? Era agradável ver as coisas de outra maneira...

 
At segunda-feira, julho 17, 2006 10:55:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

ah pois é...
"a verdade vos libertará"
acho k ja ouvi isto:P hihih
mas é complectamete verdade... so o verdadeiro nos pode livrar de nos acontecer coisas k nao keremos se mentirmos, se estivermos sempre a mentir as pessoas dps pensam ah ele(a) n diz coisa com coisa... etc...
a verdade nos libertará... e a verdade esta em Deus ;)

 
At domingo, julho 23, 2006 10:08:00 da tarde, Blogger Mikas said...

Gostava de saber como é a vida de verdade.. sinto que vivo numa vida mentirosa, fútil, em que apenas interessa o nosso umbigo e os nossos interesses. Esquecemo-nos dos outros. Esquecemo-nos de nós. Esquecemo-nos de ser verdadeiros com os outros. E connosco próprios. Esquecemo-nos que só conseguiremos alcançar a verdade sendo verdadeiros.
*

 
At sexta-feira, setembro 15, 2006 7:37:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Há sem dúvida pessoas que não conseguem viver com a (sua) verdade. Feliz ou infelizmente não é o meu caso e isso nem sempre é um caminho simples, pois as pessoas não estão habituadas a diálogo abertos, sinceros, verdadeiros, mas acima de tudo com respeito. Porque se esta última falta então a verdade de nada serviu mas apenas para magoar e subjugar o outro. É muito bom podermos dizer aquilo que pensamos e sentimos, mas às vezes também é preciso calar e saber esperar pelo momento certo. Pelo menos acontece comigo...

 
At segunda-feira, setembro 18, 2006 2:52:00 da tarde, Blogger Saraï said...

Sim é importante por vezes calar e esperar os momentos certos. Mas a espera por vezes é demasiado longa e acabam-se os momentos certos, porque deixa-se de saber o que é um momento certo. Depois desse ponto passamos a vida a evitar as outras pessoas, na esperança de que essas pessoas comecem as conversas que ficaram suspensas.
À espera que sejam as outras pessoas a iniciar as conversas que não subjugam, porque se forem verdadeiras, sinceras e de olhos nos olhos, só nos libertam.

 

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