quarta-feira, março 19, 2008

Dos dois, um só...

No hipermercado uma criança berrava com os pais porque não achava justo que só pudesse levar um dos brinquedos que tinha escolhido. A mãe dizia-lhe dos dois tens que escolher um. Ele, chorando, não se conformava de forma alguma forma com a possibilidade de ter que escolher. As suas lágrimas percorriam a face que se enrugava como se nascesse de novo, só que agora, estava a nascer para a escolha. Essa tão difícil atitude.


Ter que escolher surge-nos como uma grande injustiça. A verdade é que temos medo. E se escolho mal? E se venho a descobrir que a minha escolha não foi a melhor? Eu tenho que poder levar as duas coisas! Mas não posso...


Temos que fazer escolhas a todo o momento. Até mesmo a caminhar temos que escolher que caminho levar. Essas escolhas não nos apoquentam muito. Aprendemos a viver com elas e então.... já nem pensamos muito nas conquências. Se não concordam vejam só a facilidade com que atravessamos a estrada com uma passadeira por perto!


As escolhas que mexem connosco e que nos mexem com as entranhas são aquelas que dizem respeito a toda a nossa vida, ou então a uma parte importante dela. Dizia Heráclito: "não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, porque, ao entrarmos pela segunda vez, não serão as mesmas águas que estarão lá, e a pessoa mesma já será diferente". Esta expressão mostra que tudo passa, apenas a estrutura do acontecimento se repete: temos sempre que escolher.


Mesmo não sendo crianças, às vezes apetece-nos fazer uma birra com lágrimas e tudo dizendo bem alto: quero os dois! Não quero escolher! A vida, contudo, não nos dá esse tempo e, por vezes, o simples "momento" de pensar fazer uma birra já nos levou a uma terceira opção. deixar passar os dois que tínhamos na mão.


Julgo que para não nos arrependermos temos sempre que fazer uma opção de coração. Temos que amar realmente a nossa opção como se ama uma pessoa. Amar até ao fim, até que essa opção nos leve a outras possibilidades.


É difícil escolher ... mas.... amando a escolha julgo que ninguém se arrependerá.




Será isto sustentável?

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