quarta-feira, março 22, 2006

A insustentabilidade da ausência de pertença

Vi um filme recentemente que é a adaptação de um Livro de John le Carré intitulados, quer livro quer filme: O Fiel Jardineiro.
Um bom filme, magistral na interpretação (que mereceu um óscar a Rachel Weisz, e bem merecia também Ralph Fiennes... mas isso serão outros temas a debate) e profundo na história, de tal maneira que comprei o livro que calmamente leio.
O filme, àparte de toda a história principal, tem uma pequena história que se resume a isto: alguém à procura da sua "Casa".
Todos nós procuramos a nossa "Casa", o lugar onde pertencemos. Para algumas pessoas é o sítio mais fácil de encontrar, para outras o mais difícil... Penso que as segundas estão certas, e que as primeiras nem sequer pararam para pensar se realmente pertencem ao sítio, às pessoas e às relações em que vivem.
Pertencer a algo ou a alguém é isso mesmo; é sentir-se em Casa! Sentir que pode descalçar-se os sapatos e sentar-se no sofá, encostar a orelha ao ombro de alguém e adormecer... protegido e calmo.
Há muitas casas, umas mais acolhedoras que outras, umas mais apelativas que outras... umas onde vivemos, outras onde queremos viver, outras onde nos acomodamos a viver.
É difícil encontrar essa nossa casa, difícil porque nunca temos a certeza de estar no caminho certo, difícil porque nunca temos a certeza de termos tomado as decisões certas, difícil porque nos criticam nas decisões tomadas, difícil porque uma vez tomadas, boas ou más, são as nossas decisões e temos que continuar o caminho de casa com elas na consciência, difícil porque... é difícil.
Todos temos necessidade de pertença, a alguém, a um grupo, a uma família, a um país, a uma religião, a uma profissão, a uma associação, a um clube, a uma lembrança... a algo que nos identifique, do qual possamos dizer: "faço parte dali porque sou assim..., por isso pertenço ali".
A ausência desta pertença é realmente insustentável, de tal forma que se torna mesmo inconcebível não pertencer a algo, de tal forma que passamos grande parte da vida à procura dos nossos lugares aos quais pertencemos e nos quais queremos estar.
Mas as Casas de uns não são as Casas dos outros, cada um tem a sua Casa, apesar de partilharmos muitas outras pequenas casas igualmente importantes. E é a partilha das casas que nos permite avançar na procura da nossa Casa... aquela que talvez só encontremos no final da nossa vida; aquela na qual vamos ser verdadeiramente mais; aquela que nos completa; aquela para a qual a nossa vida tem algum sentido. A Nossa Casa.

terça-feira, março 14, 2006

O Vigia


Por vezes sentimo-nos observados...
... tenho esperança que seja Deus.